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Sistemas agrocerratenses ganham destaque em painel do Fórum de Agricultura Familiar na COP 30

Com o objetivo de contribuir para o avanço das práticas de restauração ecológica e produtiva como estratégia climática no país, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) participou, na última quinta-feira (13), do painel Sistemas Agroflorestais e Restauração, promovido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará, durante o Fórum de Agricultura Familiar na COP30, em Belém (PA). A atividade reuniu representantes de diferentes biomas para discutir modelos produtivos aliados à conservação ambiental. 

    Presidente da RSC, Anabele Gomes, apresentou o tema Restauração  e Conservação do Cerrado

Presidente da RSC, Anabele Gomes, apresentou o tema Restauração  e Conservação do Cerrado, destacando o papel das comunidades tradicionais na coleta de sementes, no planejamento das áreas degradadas e na execução das ações de restauração. Segundo ela, o envolvimento comunitário fortalece as cadeias socioambientais e garante a permanência das famílias nos territórios. “A restauração inclusiva valoriza saberes locais, gera renda e fortalece o vínculo das comunidades com o Cerrado”, afirmou.

Anabele chamou a atenção para o desconhecimento sobre bioma entre os participantes de fora do Brasil. Ao perguntar quem já havia visitado o Cerrado, apenas cerca de 20% do público sinalizou positivamente.

“Esse dado nos mostra a importância de apresentar a diversidade do bioma, suas espécies nativas, como árvores, arbustos e capins e, principalmente, enfatizar sua relação direta com a produção de água que abastece a Amazônia”, pontuou ao ressaltar a interdependência entre Cerrado e Amazônia. Anabele lembrou que a maior parte das águas que alimentam a bacia amazônica tem origem no Cerrado. “Proteger e restaurar o Cerrado é fundamental para manter o equilíbrio hídrico e climático do país”, acrescentou.

 

SACEs

Maria Eduarda Camargo, mostrou métodos de plantio utilizados em projetos executados pela RSC

 

Coordenadora do Núcleo de Restauração da RSC e palestrante no evento, Maria Eduarda Camargo, mostrou métodos de plantio utilizados em projetos executados pela RSC, como a muvuca de sementes, que combina diversidade de espécies para reproduzir a dinâmica ecológica do Cerrado, e a semeadura direta, indicada para restaurar grandes áreas com custos reduzidos.

A coordenadora destacou os Sistemas Agrocerratenses (SACEs), modelo integrado que alia recuperação ambiental e atividades produtivas em ecossistemas abertos. “Os SACEs permitem recuperar áreas degradadas enquanto fortalecem a agrobiodiversidade e ampliam oportunidades de geração de renda”, explicou.

Para Maria Eduarda Camargo, a participação do Cerrado no painel também permitiu reforçar, junto ao público da COP30, a importância de se pensar modelos de restauração que respeitem as particularidades de cada bioma. Em sua apresentação, a coordenadora evidenciou a restauração inclusiva e o papel das redes de coletores no Cerrado, trazendo esse contexto para dentro de um evento sediado na Amazônia. 

“Muitos participantes ficaram surpresos com o valor das “plantas pequenas”, que são as gramíneas, arbustos e outras espécies fundamentais para a dinâmica ecológica do Cerrado e ao demonstrar como os Sistemas Agrocerratenses se configuram como uma alternativa produtiva compatível com as características locais. Mostramos como trabalhamos com coleta de sementes, com sistemas de restauração produtiva que respeitam o ecossistema do Cerrado, e reforçamos que os SACEs são uma estratégia dentro dos sistemas agroflorestais do bioma”, completou a coordenadora.

 

Abrangência

Com ações de restauração ecológica que envolvem coletores de sementes, agricultores familiares e organizações locais, a RSC atua em Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

 

Fotos: Bárbara Pacheco

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