A Rede de Sementes do Cerrado (RSC), em parceria com a Associação de Coletores Cerrado de Pé (ACP), promoveu nos dias 27 e 28 de agosto, duas capacitação técnica nas comunidades de Taboca e Capela, no território Kalunga, em Cavalcante (GO). A atividade reuniu coletores da região e teve como objetivo principal aprimorar a qualidade das sementes nativas coletadas no Cerrado, especialmente de espécies de árvores. Além disso, o encontro contribuiu para o alinhamento de boas práticas, troca de experiências e fortalecimento da base comunitária.
Vice-presidente da RSC e coordenadora do Núcleo de Produção de Sementes, Natanna Horstmann, explicou que estes encontros são fundamentais para elevar a qualidade das sementes e garantir o sucesso da restauração ecológica. “Este é um momento muito importante no nosso calendário, pois assim podemos alinhar boas práticas na coleta de sementes”, completou.
Durante os dois dias de atividades, os coletores participaram de atividades teóricas e práticas sobre identificação de espécies nativas, beneficiamento e critérios para definir o ponto ideal de coleta. Para Natanna Horstmann, os pequenos ajustes fazem toda a diferença nos resultados. “Quando melhoramos a qualidade das sementes, entregamos um produto cada vez melhor, bem como fortalecemos toda a cadeia da restauração. Cada semente saudável é uma nova árvore que ajudará a manter o Cerrado em pé”, reforçou.
Protagonismo
Natanna Hostmann destacou um momento marcante da capacitação, protagonizado pela coletora Gerusa Soares Pereira. Surgiu uma dúvida na Casa de Sementes sobre a espécie "Seca em Pé" ou "Casquinha" (Callisthene major Mart.), pois o material coletado parecia não ter sementes viáveis.
Gerusa investigou a fundo o processo de formação do fruto e dispersão das sementes. Ela conseguiu identificar o melhor momento de coleta da espécie para que sejam coletadas sementes viáveis "Hoje, após esta descoberta coletamos a Casquinha com muito mais propriedade e aproveitamos todas as partes", explicou Gerusa Pereira
Essa descoberta foi compartilhada com todos, e a coletora demonstrou na prática a importância do conhecimento local, atuando como instrutora durante as capacitações. "Isso mostra que os coletores também são pesquisadores que ajudam a melhorar cada etapa da coleta", concluiu Natanna Horstmann.
Publicado em 03/09/2025