Quando o assunto é sustentabilidade e os efeitos das mudanças climáticas no planeta, o sequestro de carbono tornou-se uma das temáticas mais discutidas nos últimos anos. Isso porque a iniciativa se apresenta como uma das alternativas de conter o avanço dos Gases de Efeito Estufa (GEE) e as graves consequências no meio ambiente. Por causa deste movimento, o mercado de carbono tem ganhado força nos últimos anos, pois funciona como uma ferramenta importante para financiar iniciativas de combate às mudanças climáticas.
Ph.D. em Ecologia de Ecossistemas, Demétrius Lira Martins explica que o sequestro de carbono é a retenção do CO2 no solo. “Este processo acontece por meio da fotossíntese em que os organismos capturam o gás carbônico do meio ambiente e usam ele para crescer e se manter. As árvores são uma das principais detentoras de gás carbônico na atmosfera, sequestrando-o nas suas estruturas acima e abaixo do solo. Além disso, a matéria orgânica dos resíduos vegetais é incorporada ao solo formando um estoque estável de carbono”.
Neste contexto, o Cerrado brasileiro é um importante biomas que contribui para o sequestro de carbono no país, no entanto, a savana tropical, muito rica em biodiversidade tem sofrido com a degradação de suas áreas. “Quando a vegetação nativa sofre degradação, sua capacidade de armazenar carbono é significativamente reduzida, em virtude da perda de plantas nativas que possuem raízes mais profundas e estruturas subterrâneas que estocam mais carbono. A degradação do solo também acelera a decomposição do carbono da matéria orgânica que está nele liberando CO2 para a atmosfera.. Em áreas nativas, esse carbono da matéria orgânica é decomposto de maneira extremamente lenta pelos microorganismos do solo. Um solo saudável, caracterizado por uma ampla diversidade vegetal e de microrganismos, é capaz de armazenar grandes quantidades de carbono”, pontuou Demétrius Martins.
Restauração
Para reverter este quadro e promover o sequestro de carbono é necessário investir em restauração de áreas degradadas. A restauração é uma ferramenta importante de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Através da recuperação da vegetação nativa ocorre o sequestro de CO2 pelo crescimento da vegetação e fixação deste carbono atmosférico nas plantas e solo. As áreas nativas restauradas ajudam a conservar a biodiversidade, os ecossistemas naturais e habitats de espécies que podem ter sido perdidos devido à atividade humana. Isso é importante para manter o equilíbrio ecológico e os serviços ecossistêmicos, como a provisão de água e o sequestro de carbono.
O Projeto Águas Cerratenses: semear para brotar vai restaurar até 2024, cerca de 600 hectares de Cerrado Brasileiro. A restauração ecológica se apresenta com grande potencial de redução de Gases de Efeito Estufa (GEE), e uma oportunidade para a geração de créditos de carbono. Áreas nativas restauradas podem fornecer vários serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima, a proteção do solo contra a erosão, a manutenção de recursos hídricos, a polinização de plantas e o lazer para as comunidades. Esses serviços são importantes para a manutenção da vida humana e do ecossistema como um todo.
Luana Santa Brígida
Publicado em 17/04/2023