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    Rede de Sementes do Cerrado: 20 Anos de conservação do bioma Cerrado

    Dedicada à conservação e restauração do Cerrado, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) comemora, nesta segunda-feira, 05 de agosto, seus 20 anos como uma associação civil sem fins lucrativos. Ao longo dessas duas décadas, a RSC tem desempenhado um papel vital ao ressignificar o olhar sobre o Cerrado, contribuindo, por meio da geração, troca e disseminação de conhecimento e de parcerias com instituições acadêmicas, governo e sociedade, com soluções práticas e inovadoras para a restauração ecológica inclusiva e a implementação de políticas públicas que mantenham o Cerrado em pé.

    A trajetória da RSC começou em 2001, com um projeto do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) para a criação de redes de sementes no Brasil. No Cerrado o projeto foi liderado pelos professores da Universidade de Brasília (UnB), Linda Caldas e Manoel Cláudio da Silva Júnior, com apoio de outros pesquisadores que identificaram a escassez de sementes de espécies nativas necessárias para a restauração do Cerrado, em 2004 formalizaram a instituição e transformaram a iniciativa em uma associação sem fins lucrativos. Desde então, a RSC foi qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), dedicando-se à conservação da sociobiodiversidade do Cerrado.

    Em 2013, a instituição foi credenciada junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), tornando-se apta para a produção e comercialização de sementes nativas do bioma. “É impressionante pensar que, há 20 anos, praticamente não tínhamos o insumo básico para a restauração do Cerrado. A Rede foi criada para impulsionar a produção de sementes nativas como bases para a restauração ecológica do Cerrado. Isso veio muito atrelado à pesquisa e às comunidades”, destaca Anabele Gomes, Presidente da RSC.


    Desde 2017, a RSC vem estruturando um mercado de sementes no Cerrado e tem comercializado grandes quantidades de sementes coletadas por pequenos agricultores, assentados e quilombolas na região da Chapada dos Veadeiros (GO), contribuindo para a restauração ecológica, geração de renda e melhoria da qualidade de vida das comunidades do Cerrado. “A Rede vem sendo essa ponte que atua com vários atores, conectando a pesquisa às demandas da restauração, coletores e restauradores, e órgãos públicos, sendo esse elo que vem unindo várias partes que estavam desconectadas. É importante ressaltar que articulação política e técnica tem fomentado a restauração ecológica visando regulamentar toda a cadeia produtiva de sementes e isso gera benefícios sociais, econômicos e ambientais significativos”, pontua a Presidente.

     Presidente da RSC, Anabele Gomes destaca que a instituição atua com vários atores,
    sendo o ele que vem unindo várias partes que estavam desconectadas.
    Foto: Luana Santa Brigida

    Vice-presidente da instituição, Natanna Horstmann, destacou a importância do ano de 2017 para a RSC. “Foi o ano em que começamos a estruturar o comércio de sementes em escala no Cerrado. Antes disso, não existia um mercado formal que disponibilizasse sementes na região. Para alcançar esse objetivo, fortalecemos o grupo de coletores da Associação Cerrado de Pé (ACP), criamos um canal de vendas de sementes e promovemos a restauração ecológica para incentivar a demanda por sementes. Este foi um passo enorme e explica o sucesso que alcançamos posteriormente, resultando na existência de sete grupos de coletores. Este mercado, criado e consolidado pela RSC, é um dos maiores feitos da Rede”, explica Natanna.

    Natanna Horstmann, vice-presidente da instituição,
    destacou 2017 como o início da estruturação do comércio de sementes em escala no Cerrado,
    marcando a criação do mercado formal de sementes na região.
    Foto: Luana Santa Brigida

     

    Impactos socioambientais
    A RSC tem atuado na cadeia produtiva de sementes,
    focando na formação, fortalecimento e estruturação de grupos de coletores.
    Foto: Luana Santa Brigida

    Especialmente na região da Chapada dos Veadeiros(GO), em parceria com o Cerrado de Pé (ACP), a RSC tem atuado de forma ativa na cadeia produtiva de sementes, focando na formação, fortalecimento e estruturação de grupos de coletores. Mais de 250 coletores foram capacitados em 25 comunidades distintas. Atualmente, cerca de 160 famílias estão envolvidas na coleta, sendo essa uma atividade desempenhada principalmente por mulheres que encontram na coleta de sementes um complemento de renda.
    Entre 2017 e 2023, em parceria com o ACP, a RSC registrou resultados expressivos na comercialização de sementes, totalizando mais de 58 toneladas, abrangendo 116 espécies diferentes, com um valor total de comercialização que ultrapassa os R$3 milhões. Além disso, o trabalho desenvolvido nos últimos anos pela instituição dedica uma área significativa à restauração ecológica, totalizando 850 hectares em restauração por meio de projetos de diferentes portes. “A Rede tem um compromisso com o desenvolvimento das comunidades locais. Mais de mil pessoas, entre coletores e restauradores, já passaram por treinamentos, capacitações e demais cursos oferecidos pela RSC. Além disso, temos a parte da pesquisa aplicada e a produção de materiais educativos que incluem publicações editoriais e audiovisuais”, acrescenta Anabele.
    Desde 2022, com a Associação Cerrado de Pé mais robusta e estruturada, a RSC vem expandindo suas atividades para os estados de Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Pará e Distrito Federal. “Através de projetos, capacitações e intercâmbios, a Rede tem fortalecido e estruturado grupos de coletores de sementes em todo o bioma, consolidando seu compromisso com a conservação e restauração do Cerrado”, completa Anabele.

    Protagonismo Feminino

    Na RSC, as mulheres são maioria evidenciando o compromisso da instituição com a diversidade,
    inclusão e empoderamento feminino.
    Foto: Luana Santa Brigida

    Um dos pilares da RSC é o protagonismo feminino, evidente desde a sua fundação. A presidência sempre foi ocupada por mulheres, e a atual diretoria é composta exclusivamente por elas. As mulheres também são maioria nos Conselhos, na equipe técnica dos projetos e na coleta de sementes. Essa ênfase no fortalecimento da participação feminina reflete o compromisso da RSC com a diversidade, a inclusão e o empoderamento.

    Perspectivas futuras

    Apesar dos avanços, o caminho até o cenário ideal ainda é longo. A RSC continua a lutar por políticas públicas robustas e pela conscientização da importância da conservação do Cerrado. Para a Presidente, o futuro da instituição está atrelado ao trabalho que vem sendo realizado entre os parceiros, redes e grupos de coletores de sementes, restauradores e articulações, como o Redário e a Araticum. “Hoje, temos uma base muito sólida para continuar fazendo o que nos propusemos quando a Rede foi criada, que é ser essa ponte que liga esses vários atores para impulsionar a restauração do Cerrado. Isso é reflexo do nosso trabalho e do trabalho de quem idealizou e manteve a Rede há 20 anos", completa.
    A Rede de Sementes do Cerrado celebra 20 anos de uma trajetória marcada por dedicação, inovação e transformação. Ao longo desse tempo, tem sido um pilar na conservação do Cerrado, promovendo a restauração ecológica, a geração de renda e a inclusão social.

    Publicado em 05/08/2024

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