A restauração de ecossistemas ganhou um novo aliado com o lançamento da Climate-Oriented Seed Sourcing Tool (COSST), uma ferramenta criada por pesquisadores da Universidade de Exeter. Projetada para auxiliar na escolha das melhores sementes para projetos de restauração ambiental, a COSST considera tanto o clima atual quanto as condições climáticas futuras.

Como Funciona?
A COSST é de fácil utilização e combina dados de plataformas globais, como o WorldClim e o GBIF. A ferramenta classifica áreas de coleta de sementes considerando a distribuição natural de uma espécie em uma escala de 0 (prioridade baixa) a 1 (prioridade alta). Isso permite que restauradores identifiquem as fontes mais adequadas para garantir a sobrevivência das espécies no longo prazo.

Três estratégias orientam o uso da ferramenta:

• Composta: prioriza sementes locais, respeitando a adaptação ecológica histórica.
• Preditiva: seleciona sementes de áreas cujo clima atual reflete o futuro do local de plantio.
• Ajustada ao Clima: equilibra sementes locais e aquelas adaptadas ao clima projetado para o futuro.

Aplicação prática no Cerrado

O COSST foi testado no Cerrado brasileiro, com foco no pequizeiro (Caryocar brasiliense), espécie nativa de grande importância ecológica e econômica. Os testes identificaram áreas prioritárias para coleta de sementes em duas localidades: norte de Goiás e norte de Minas Gerais. A ferramenta demonstrou sua capacidade de planejar a restauração e adaptá-la às necessidades climáticas de cada região.

“Queríamos criar uma solução prática e acessível para os restauradores. Com o COSST, basta inserir as coordenadas do local de plantio, dados climáticos e Modelos de Distribuição de Espécies para obter recomendações baseadas em ciência robusta,” explica Mateus Silva, doutor em Geografia pela Universidade de Exeter, um dos responsáveis pelo projeto e membro da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum).

Desafios

Apesar do avanço, a implementação da ferramenta enfrenta desafios, como a rastreabilidade das sementes e a logística de armazenamento e transporte. Além disso, o uso da ferramenta requer mapeamentos detalhados das fontes de coleta, algo que pode ser difícil em grandes cadeias produtivas.

Para facilitar sua adoção, os pesquisadores planejam lançar uma versão online da COSST e um pacote para o software R, ampliando a acessibilidade para restauradores e gestores de projetos ambientais. A ferramenta está disponível ao público por meio do link GitHub - silva-mc/COSST: COSST code .

Importância da inovação
A restauração ecológica desempenha um importante  papel na mitigação da perda de biodiversidade e na adaptação às mudanças climáticas. Ferramentas como a COSST representam um avanço ao oferecer soluções baseadas em dados científicos que ajudam a planejar o futuro dos ecossistemas.

“Com a COSST, estamos dando aos restauradores o poder de tomar decisões mais informadas, garantindo não só a resiliência das espécies plantadas, mas também a manutenção da diversidade genética em tempos de incerteza climática,” conclui o pesquisador.

A COSST promete revolucionar a restauração ecológica, reforçando a importância de integrar ciência, tecnologia e sustentabilidade para conservar a biodiversidade global.

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