O trabalho de desmistificar o senso comum de que as plantas do Cerrado não podiam ser cultivadas em um jardim e o desafio de aliar paisagismo, Cerrado e transformá-lo em arte foi uma das abordagens do jornalista Michael Snyder, em matéria divulgada pela revista Style Magazine do The New York Times. Conforme a matéria, o trabalho realizado na Casa Vila Rica, pela brasileira Mariana Siqueira e a argentina Amália Robredo, trouxe “à vida nativa de volta ao que antes era uma pastagem repleta de gramíneas exóticas plantadas décadas antes para o pasto de cavalos”.
Além de trazer a público uma nova possibilidade de arquitetura e paisagismo, a importância da iniciativa é reforçada por Snyder quando ele diz que o uso de espécies nativas do Cerrado em projetos de arquitetura não só afasta o paisagismo de “uma beleza arquitetônica importada”, bem como recupera algo que já foi perdido. “Essas edificações, como os plantios de Siqueira e Robredo, se afastam de uma beleza arquitetônica importada em favor do que existia antes: o horizonte sem fim; os capinzais que abraçam a terra; a chance não apenas de criar algo novo, mas de recuperar o que quase foi perdido. Isso, mais do que tudo, representa a arquitetura do Cerrado - não material, não forma, mas espaço, que é outra forma de dizer possibilidade”, escreve o jornalista.
Responsável pela execução do projeto, Mariana Siqueira revela como nasceu o Projeto Jardins de Cerrado. A paisagista conta que inicialmente visitou alguns viveiros e foi ali que descobriu que não existia a comercialização destas plantas. “Encontramos algumas mudas de árvores, mas não haviam os capins ou ervas que também compõem o bioma. Foi então que surgiu o meu interesse em trabalhar com as espécies do Cerrado e fomos ampliando a visão acerca do tema”, disse.
Conhecer a produção de sementes nativas do bioma por meio do projeto desenvolvido pela Rede de Sementes do Cerrado foi fundamental na execução da iniciativa, conforme relata a paisagista. “Minha sorte mudou quando conheci ecólogos como Alexandre Sampaio e o trabalho realizado com a Associação de Coletores Cerrado de Pé. Foi indescritível quando os vi semeando capins, ervas, arbustos e árvores, em projeto de restauração ecológica e vi estas plantas nascendo. Daí nasceu o projeto Jardins de Cerrado onde estamos cultivando dezenas de herbáceas e arbustivos sem maiores dificuldades”, destaca Mariana Siqueira.
Parceira do Jardins de Cerrado, a RSC atua na conservação do Cerrado por meio do fomento à restauração ecológica de áreas degradadas. As sementes nativas comercializadas pela Rede, que é uma entidade sem fins lucrativos, são coletadas por produtores rurais, assentados e quilombolas da região da Chapada dos Veadeiros. Além da conservação ambiental, a comercialização de mais de 70 espécies nativas, gera renda e desenvolvimento social para mais de 60 famílias.
Leia a matéria completa: Clique Aqui
Publicado em 31/08/2021