Visando ampliar a participação das mulheres na cadeia produtiva da restauração ecológica, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) iniciou recentemente as atividades do projeto “Governança Feminina: ampliando espaços e fortalecendo mulheres na restauração do Cerrado”. Financiado pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF – Critical Ecosystem Partnership Fund), o projeto busca consolidar diretrizes estratégicas para promover a equidade de gênero dentro da organização e nos territórios onde atua.
Entre as ações que serão implementadas, destacam-se a elaboração de um Plano de Ação de Gênero, que promoverá a equidade tanto dentro da organização quanto nos grupos de coletores apoiados pela RSC; um Planejamento Estratégico focado no crescimento, na captação de recursos e na ampliação do impacto da Rede de Sementes do Cerrado; uma Assessoria Jurídica para revisão de contratos e desenvolvimento de diretrizes de conformidade, ética e responsabilidade social; e o desenvolvimento de protocolos de Metodologia Participativa, que capacitarão a equipe da RSC para aprimorar o diálogo e a construção coletiva com as comunidades envolvidas na restauração.
A coordenadora do projeto, Cibele Santana, explica que a iniciativa surgiu da necessidade de um olhar mais atento para o fortalecimento da RSC como instituição e da importância de ações concretas que garantam a inclusão e o protagonismo feminino como pilares centrais das atividades da organização. “Atualmente, a gestão da RSC é feita horizontalmente por um Núcleo Executivo composto inteiramente por mulheres. A Rede já tem, em seu histórico, a tradição de ser presidida por mulheres, sendo a diretoria atual formada exclusivamente por elas. Considerando que a maioria dos coletores de sementes nativas são mulheres e que, em alguns grupos, elas chegam a representar 90%, estruturar ações voltadas para esse protagonismo torna-se essencial”, acrescenta a coordenadora.
Vale destacar que, desde 2017, a RSC fortalece a cadeia produtiva da restauração ecológica, apoiando o envolvimento de povos tradicionais e comunidades locais na produção de sementes nativas e na restauração de áreas degradadas. Com o projeto Governança Feminina, esse compromisso se expande, garantindo que as mulheres sejam protagonistas não apenas na coleta de sementes, mas também na incidência de políticas públicas que promovam a restauração de ecossistemas por meio da valorização dos saberes tradicionais e da transformação social nos territórios. “O projeto se soma a esse compromisso, garantindo que a restauração do Cerrado aconteça de forma inclusiva, fortalecendo mulheres, comunidades e territórios. Além de ser uma fonte de renda, a coleta de sementes também impulsiona a organização comunitária e valoriza os saberes tradicionais”, completa Cibele Santana.
Publicado em 10/03/2025