Reconhecido como a “COP do Cerrado”, o XI Encontro e Feira dos Povos do Cerrado é um dos principais espaços de debate e articulação política do bioma. Realizado pela Rede Cerrado, o evento acontece de 10 a 13 de setembro, no Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte), em Brasília (DF), reunindo representantes de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais de 12 estados brasileiros.
Dentro dessa programação oficial, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC), em parceria com a Araticum e o WWF-Brasil, participa do painel “Desafios e Oportunidades da Restauração Inclusiva no Cerrado”, que acontece neste sábado (13), às 10h30. Paralelamente à programação do Encontro dos Povos, essas instituições promovem o Encontro Regional de Coletores de Sementes, que também é uma atividade vinculada ao projeto “Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia de restauração ecológica inclusiva nos corredores de biodiversidade”, financiado pela Iniciativa Floresta Viva. O evento também conta com o apoio financeiro do iCS - Instituto Clima e Sociedade e da Araticum - Articulação pela Restauração do Cerrado.
Coordenadora do Projeto Sementes do Cerrado, a vice-presidente da RSC Natanna Hostsmann destaca que o Encontro Regional de Coletores cria um espaço de formação e de troca horizontal de saberes entre coletores, técnicas e técnicos. “Desde 2012, quando a Associação Cerrado de Pé iniciou a mobilização para a coleta de sementes, vimos grupos se formarem em diferentes estados, cada um com sua trajetória. O Encontro Regional dá continuidade a essa história, sendo um momento estratégico para fortalecer os grupos, compartilhar soluções e avançar na estruturação da cadeia de restauração inclusiva no Cerrado”, destacou.
A coordenadora relembra que em 2023, a RSC promoveu um encontro semelhante, reunindo representantes de sete grupos de coletores. “A experiência mostrou o potencial desses espaços de diálogo para a resolução de desafios comuns e para a valorização do conhecimento tradicional. Agora, em 2025, a expectativa é ampliar ainda mais esse processo, reunindo 12 grupos do Cerrado e consolidando um espaço de intercâmbio único no país”, acrescenta.
O Encontro Regional reunirá representantes de 12 redes e grupos de coletores: Aprospera, AQK, ARSOBA, Associação Cerrado de Pé, Assentamento Chapadinha, Coocrearp, Cooperuaçu, COOPITAUNA, Rede Flor do Cerrado, Redário, Ressemear e Sementes do Paraíso.
Confira a programação:
Comercialização de sementes nativas
A comercialização de sementes nativas fomenta a restauração ecológica, regulamenta práticas de coleta e gera impactos sociais, econômicos e ambientais positivos para as comunidades do Cerrado. Esse processo garante que a cadeia da restauração seja também uma fonte de geração de renda e valorização da sociobiodiversidade.
“Restaurar o Cerrado é um ato de justiça socioambiental: é devolver direitos, fortalecer a geração de renda e ampliar a autonomia das comunidades. O Encontro Regional de Coletores impulsiona a cadeia de sementes nativas, valorizando saberes tradicionais e ampliando a escala de soluções enraizadas nos territórios”, complementa Carolina Marcial, Analista de Conservação e Restauração do WWF-Brasil
Sistema Agrocerratense (SACE)
O SACE é uma proposta que alia restauração ecológica, produção sustentável e valorização de comunidades locais. Inspirado nas formações savânicas e campestres típicas do Cerrado, o sistema propõe uma forma de produzir a partir da lógica do próprio bioma, respeitando suas características naturais. Em vez de desmatar para implantar monoculturas, como na agricultura convencional, o SACE recupera áreas degradadas utilizando espécies nativas e promovendo o equilíbrio ecológico. Agricultores familiares são protagonistas na implementação do sistema, manejando a terra com equilíbrio entre uso e conservação: cultivam alimentos e, ao mesmo tempo, garantem a regeneração ecológica das áreas.
Projeto Sementes do Cerrado
Executado pela RSC, o projeto visa restaurar 200 hectares com espécies nativas do bioma, promovendo a inclusão produtiva por meio da cadeia das sementes e da mobilização comunitária. A iniciativa irá implementar uma Unidade Demonstrativa de SACE no Assentamento Oziel III, onde seis hectares serão restaurados com foco na geração de renda, soberania alimentar e conservação.
Vale destacar que o projeto é financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade da Iniciativa Floresta Viva, promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa tem como objetivo apoiar projetos de restauração ecológica em diferentes biomas brasileiros, contando com o apoio da Petrobras e do FUNBIO como parceiro gestor.
Sobre a Araticum
A Araticum, Articulação pela Restauração do Cerrado, é uma rede colaborativa que atua para promover e monitorar a restauração ecológica do Cerrado. Sua visão de transformação é a de um Cerrado conservado e restaurado, com seus serviços ecossistêmicos, inclusão social, conservação da sua sociobiodiversidade e contribuição para a manutenção do clima global.
Com o apoio do iCS - Instituto Clima e Sociedade, a Araticum amplia sua capacidade de atuação, com atividades de capacitação e engajamento dos atores territoriais, de sistematização e troca de conhecimento para o aprimoramento de políticas públicas relacionadas à restauração nos estados do bioma, e de fortalecimento da capacidade e governança da rede de organizações da cadeia de restauração do Cerrado.
Sobre o WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma ONG brasileira que há 28 anos atua coletivamente com parceiros da sociedade civil, academia, governos e empresas em todo país para combater a degradação socioambiental e defender a vida das pessoas e da natureza. Estamos conectados numa rede interdependente que busca soluções urgentes para a emergência climática. Conheça: wwf.org.br
Publicado em 10/09/2025