Dando continuidade às ações do Programa de Desenvolvimento Institucional da Associação Cerrado de Pé, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC), realizou nos dias 19 e 20 deste mês, o 5º encontro com os coletores de sementes. O evento, realizado na Chapada dos Veadeiros, contou com a presença da consultora Regina Erismamm.
Na ocasião, coletores de Alto Paraíso, Moinho, São Jorge, Teresina de Goiás, Cavalcante e território Kalunga juntamente com voluntários da Associação Cerrado de Pé e equipe técnica do Projeto participaram da oficina que ocorreu com o objetivo de elaborar o planejamento das ações para 2020, principalmente, no que tange a revisão dos preços das sementes disponíveis para a venda pela Associação por intermédio da RSC. Vale lembrar que, a comercialização de sementes nativas do Cerrado é uma iniciativa da Rede através do Projeto Mercado de Sementes e Restauração: Promovendo Serviços Ambientais e Biodiversidade com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos(CPEF) e do Instituto Caixa Seguradora.
Durante o encontro, foram discutidas as vantagens do beneficiamento das sementes nativas do Cerrado que são utilizadas no processo de restauração do bioma por meio da semeadura direta. A qualidade das sementes beneficiadas durante o ano passado garantiu bons resultados conforme relata a bióloga e professora do departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Isabel Schmidt. “Em 2019, a Associação intensificou esse beneficiamento e passou a ofertar sementes mais puras que proporcionaram resultados positivos na restauração do Cerrado. Isso tornou o processo mais trabalhoso e, consequentemente, um pouco mais caro. Diante da experiência vivida no ano passado, foi preciso revisar os preços para 2020. É importante deixar claro que esses preços foram definidos pelos próprios coletores. Essas alterações no preço das sementes visam manter os preços justos e viáveis para os coletores e também para os compradores”, destacou a professora.
Ainda segundo a especialista, a revisão dos preços das sementes resultou tanto no aumento quanto na redução do valor de algumas espécies como, por exemplo, o amargoso (Lepidaploa aurea) e o capim Andropogon fastigiatus que tiveram o preço reduzido. “Essas duas espécies são de rápida germinação e muito importantes para a colonização inicial das áreas em restauração no Cerrado especialmente em campos e savanas”, acrescentou Isabel Schmidt.
A professora adianta que a RSC pretende disponibilizar, em breve, no site da instituição, a lista de espécies disponíveis para a venda e a nova tabela de preços. “Aqueles que vão precisar fazer a restauração de áreas degradadas em 2020 devem garantir suas encomendas para facilitar o planejamento dos coletores que irão coletar as espécies conforme a época de produção de cada semente. Lembrando que algumas espécies de capins do Cerrado já começam a ser coletadas a partir de março. Neste sentido, planejar e identificar as sementes que serão necessárias durante a restauração se torna essencial para o sucesso deste processo”, alertou Isabel.
Durante a oficina, a definição do potencial de coleta para 2020 foi feita por cada coletor. Foto: Serena Eluf Quadros
Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CPEF)
O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, do Fundo Global para o Meio Ambiente, do Governo do Japão e do Banco Mundial. Uma meta 3 fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.
Publicado em 22/01/2020