Celebrado em 22 de março, desde 1993, o Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para enfatizar a importância deste recurso fundamental para a nossa sobrevivência. Um levantamento da ONU mostra que mesmo em aparente abundância, mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável no mundo. Os dados são ainda mais alarmantes, pois estima-se que em 2050, serão 5,7 bilhões de pessoas vivendo em áreas com escassez extrema. Este é um recurso muito ameaçado com o crescimento populacional, pela demanda crescente dos setores agrícola e industrial e pelos efeitos das mudanças climáticas.
Visando aumentar o volume de água infiltrada no solo, o projeto Águas Cerratenses: semear para brotar tem restaurado áreas degradadas no Centro-oeste do País. Para explicar um pouco mais sobre o processo de restaurar para brotar água, o Podcast Semeando conversou com Alba Cordeiro, bióloga, Ceo da Semeia Cerrado e coordenadora da iniciativa. “Fazendo uma analogia, você pode pensar como se o solo do cerrado fosse uma esponja. A gente pode jogando, colocando um fio de água nessa esponja e a esponja vai segurando a água, até que chega um momento que ela satura e a água escorre, mas para que isso aconteça existe um processo”, disse.
Alba Cordeiro detalhou que quando começa a cair a chuva, a superfície das plantas gera uma proteção contra o impacto direto da chuva no solo. Este processo faz com que as gotas da chuva diminuam sua velocidade e, ao chegar ao solo, a estrutura ramificada das raízes geram um emaranhado que permite que a infiltração chegue à rocha onde a água fica armazenada. Aí fica o lençol freático e quando esta água excede acontece nas nascentes. “Por isso, nós precisamos cuidar muito bem desse estoque de água e daí surgiu a frase semear para brotar, um trocadilho onde o brotamento está relacionado à semente em si, que brota no solo depois de viabilizar o seu plantio e também com a possibilidade de brotar a água a partir do restabelecimento da vegetação que promove a infiltração da água da chuva”.
A bióloga salientou os desafios de fazer com que o bioma retorne às características originais. Para ela, “não é à toa que o Cerrado é o berço das águas do Brasil. Esse não é um título que vem do nada. É o tipo de vegetação do cerrado que possibilita isso. Por exemplo, na Amazônia onde ocorre predomínio de árvores, que são organismos que funcionam como uma bomba hidráulica natural e perfeita, suas folhas permitem a absorção do carbono e a liberação do gás de oxigênio junto com água para a atmosfera. É um processo fundamental para prevenir enfrentamento das mudanças climáticas, bem como para produzir os conhecidos rios voadores amazônicos que levam umidade para precipitar por meio da chuva em regiões distantes. Diferentemente, o Cerrado naturalmente tem poucas árvores, mas sua vegetação rasteira colabora com o armazenamento da água no subsolo local, permitindo a formação de vários rios de importância para o Brasil como o São Francisco, o Tocantins e outros, pontuou.
Para conferir o bate-papo completo do episódio Água: um recurso fundamental à nossa sobrevivência você pode acessar o semeando pelo spotify através do link: https://bit.ly/Episodioaguaspotify; ou pelo canal do YouTube:https://bit.ly/EpisodioAguaYoutube.
Publicado em 22/03/2023