Com o objetivo de fortalecer as políticas de restauração de ecossistemas, manejo integrado do fogo e semeadura de espécies nativas, especialmente em áreas protegidas, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) realizou, nesta terça-feira (10), o lançamento nacional do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg 2025-2028). O evento aconteceu na Floresta Nacional de Brasília (Flona), que teve mais da metade de sua área atingida por um grande incêndio em setembro deste ano.

O lançamento contou com uma atividade de restauração ecológica, com a realização de uma muvuca e plantio por semeadura direta com sementes da Associação Cerrado de Pé. A diretora do Departamento de Florestas do MMA, Fabíola Zerbini, destacou a restauração da vegetação nativa como fundamental para prevenir e remediar os impactos da crise climática. “Estar aqui, em uma área que sofreu com incêndios, reafirma a necessidade de valorizar nossas florestas e territórios, demonstrando que a restauração é um posicionamento político em prol do futuro do meio ambiente”, reforçou.

Ao ressaltar a relevância do momento, a diretora mencionou as contribuições de instituições como a Rede de Sementes do Cerrado (RSC), a Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum) e o Instituto Socioambiental, por meio do  Redário, na revisão do Planaveg. "É uma grande alegria celebrar o lançamento do Planaveg em um espaço tão simbólico para o Brasil, onde podemos reconhecer o papel de quem participou ativamente dessa construção. Essas organizações foram fundamentais pela atuação com sementes nativas, bem como pela organização dos coletores e coletoras que fazem a restauração acontecer”, acrescentou.

Para a presidente da RSC, Anabele Gomes, a escolha do Cerrado para o lançamento do Planaveg simboliza o reconhecimento das sementes nativas e o papel das comunidades tradicionais na cadeia de restauração ambiental. "Para nós, é muito significativo ter esse evento no Cerrado. Falamos de semeadura direta e de restauração com outros olhos, promovendo a representatividade das comunidades tradicionais e de outras formações que não são apenas florestais. Além disso, o envolvimento de lideranças como o Claudomiro e a presença de quilombolas reforçam uma restauração verdadeiramente participativa e inclusiva”, completou.

Inclusão das Comunidades

Claudomiro Cortes, diretor de Restauração da Associação de Coletores Cerrado de Pé (ACP), pontuou a importância do envolvimento das comunidades locais na conservação e restauração ambiental. Ao lado de Thiago Belote, Especialista de Conservação e Líder de Restauração do WWF-Brasil, e membro da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum), Cortes destacou o papel do Cerrado na agenda nacional de recuperação da vegetação nativa, no manejo integrado do fogo e nas técnicas de semeadura de espécies nativas. “É fundamental incluir as comunidades nesse processo. Não dá para falar de preservação ou restauração sem considerar as pessoas que nasceram e cresceram dentro do bioma. Elas conhecem o Cerrado como ninguém. Quando as comunidades participam das decisões, elas se fortalecem, criam lideranças e se tornam guardiãs da biodiversidade. Sem a participação ativa delas, não há como garantir a conservação dos biomas”, ponderou.

Como representante das comunidades envolvidas na restauração, Claudomiro Cortes também enfatizou que o engajamento comunitário vai além da restauração ambiental. “Quando as pessoas participam, elas entendem o processo e se sentem valorizadas. Isso cria um ciclo positivo de conhecimento e força, fundamental para a conservação e a preservação. A presença da Cerrado de Pé no lançamento do Planaveg é uma oportunidade de ensinar e aprender, mostrando que juntos podemos alcançar resultados grandiosos”, completou.

O Planaveg

Revisado seis anos após sua primeira edição, o Planaveg reafirma a meta nacional de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, em conformidade com os compromissos firmados no Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, que estabelece a restauração de 30% das áreas degradadas no mundo.

Além de consolidar o compromisso brasileiro com a restauração de ecossistemas, o Planaveg 2025-2028 prevê ações para ampliar o fluxo de investimentos no setor, promover pesquisa e inovação e aprimorar o monitoramento das iniciativas de recuperação ambiental. O plano também busca integrar esforços para enfrentar as mudanças climáticas e conservar a biodiversidade, inspirando iniciativas em todo o país.

Sobre o WWF-Brasil 

O WWF-Brasil é uma ONG brasileira que há 28 anos atua coletivamente com parceiros da sociedade civil, academia, governos e empresas em todo país para combater a degradação socioambiental e defender a vida das pessoas e da natureza. Estamos conectados numa rede interdependente que busca soluções urgentes para a emergência climática. Conheça: wwf.org.br 

Sobre o Redário

O Redário é uma articulação que conecta redes e grupos de coletores de sementes, estruturando a base para a restauração ecológica em larga escala. A iniciativa fortalece organizações comunitárias, como indígenas, quilombolas, geraizeiros e pequenos agricultores, oferecendo capacitação e suporte técnico, gerencial, logístico, comercial, comunicacional e jurídico. Com foco na valorização de saberes tradicionais, promove a geração de renda sustentável e contribui para a ampliação da escala e da qualidade da restauração em diversos biomas brasileiros.

Sobre a Araticum

A Araticum, Articulação pela Restauração do Cerrado, é uma rede colaborativa que atua para promover e monitorar a restauração ecológica do Cerrado.Sua visão de transformação é a de um Cerrado conservado e restaurado, com seus serviços ecossistêmicos, inclusão social, conservação da sua sociobiodiversidade e contribuição para a manutenção do clima global. Como parte do Conselho Consultivo e das câmaras científicas temáticas do Planaveg, a Araticum contribuiu para a construção de programas e diretrizes específicas para a realidade da restauração no Cerrado.