Desenvolvido pela Rede de Sementes do Cerrado (RSC) com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) e da Caixa Seguradora, o projeto Mercado de Sementes e Restauração: Promovendo Serviços Ambientais e Biodiversidade tem cumprindo, além da conservação ambiental, um papel social importante para as mulheres que pertencem as comunidades locais da Chapada dos Veadeiros.
Em parceria com a Associação de Coletores Cerrados de Pé, a RSC realiza há dois anos a restauração do Cerrado e vem contribuindo com desenvolvimento social, sobretudo, com o empoderamento feminino na região, uma vez que a coleta de sementes tem gerado renda às mulheres coletoras. “Uma coisa muito legal do projeto e da venda de sementes pela RSC, é que a iniciativa gera renda às comunidades tradicionais e locais da Chapada dos Veadeiros, onde as alternativas de renda relacionadas à conservação da natureza e do Cerrado são bastante limitadas. Apesar do turismo, são poucas alternativas. Neste sentindo, o projeto acaba proporcionando a geração de renda a partir do Cerrado, que é muito mais inclusiva em termos de gênero. Coletar sementes é um trabalho que muitas mulheres fazem. A geração de renda a partir das sementes para as mulheres tem sido muito importante”, explica a bióloga e professora do departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Isabel Schmidt.
Ainda segundo a professora, gerar a própria renda contribui com o empoderamento dessas coletoras que passam a conquistar mais independência financeira dentro do lar. “A gente ainda tem uma divisão de trabalho muito marcada pelo gênero no interior do Brasil. As mulheres cuidam da casa e os homens contribuem pouco com essas tarefas. Com a coleta de sementes, as mulheres conseguem manter os cuidados com a casa e com filhos, e ainda, gerar sua própria renda, o que é muito importante em termos familiares e que, inclusive, colabora no empoderamento dessas mulheres. Elas passam a poder tomar mais decisões financeiras, já que geram renda de forma efeitiva”, acrescenta Isabel.
Vale lembrar que, nestes dois anos, o projeto promoveu a capacitação de 186 mulheres da Chapada dos Veadeiros, Distrito Federal, comunidades da RDS Nascentes dos Geraizeiros, APA nascentes do Rio Vermelho (Mambaí-GO) e APA Cavernas do Peruaçu. No total, mais de 60 famílias foram envolvidas no processo de restauração ecológica do Cerrado passando a desempenhar a atividade de coleta de sementes nativas como complemento de suas rendas.
Em 2019, foram comercializadas 3 toneladas de sementes para a restauração de 42 hectares nos Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. A renda gerada à Associação Cerrado de Pé foi de R$ 110 mil reais distribuída entre os 36 coletores da Associação dos quais, 12 são mulheres que pertencem aos municípios de Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresinha de Goiás, Cavalcante e São João da Aliança.
Publicado em 06/03/2020