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A força da ação coletiva das redes para regenerar os biomas brasileiros

Protagonismo das comunidades na restauração ecológica é tema de mesa na COP30

Foto: Lia Domingues

“A restauração ecológica só será efetiva se for construída de forma inclusiva, com as comunidades no centro das decisões e ações”. A afirmação foi feita por Anabele Gomes, presidente da Rede de Sementes do Cerrado (RSC) – uma das organizações coordenadoras do Redário – e representante da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum), durante a mesa-redonda “Restauração inclusiva e colaborativa”, promovida pela Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE) nesta quarta-feira (12), na COP30, em Belém.

O encontro reuniu representantes de diversas organizações que atuam pela recuperação da vegetação nativa em diferentes biomas brasileiros, ressaltando o papel das redes, da ciência e das políticas públicas na consolidação de uma restauração ecológica diversa e colaborativa.

Anabele Gomes defendeu o conhecimento local como alicerce para o sucesso da restauração ao enfatizar que a técnica não pode se sobrepor aos saberes de quem vive e conhece o território. 

“Quando estamos com as comunidades, vemos o tanto de conhecimento que elas têm. Não chegamos para ensinar, mas para agregar. Estamos restaurando e trabalhando com as comunidades e essa troca entre conhecimento técnico e tradicional gera uma restauração resiliente e inclusiva”, disse.

RECONHECIMENTO – A gestora também reivindicou o reconhecimento do papel central dos coletores de sementes, que são a base de toda a cadeia. “Além da coleta, os coletores também atuam como restauradores. São eles que fornecem a base da restauração, que são as sementes. E isso precisa ser reconhecido”, destacou.

A perspectiva trazida por Anabele encontrou eco nos demais participantes, representantes de redes e pactos biomáticos brasileiros. A necessidade de organização, governança sólida e alinhamento com políticas públicas, como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), foi ressaltada por Ivan Andre Alvarez, da Embrapa – RestauraBio. 

Marcelo Ferronato, da Aliança pela Restauração na Amazônia, alertou que a visibilidade da região não pode inviabilizar outros biomas e que é preciso focar em arranjos territoriais e formação de capital humano.

Desafios urgentes como a desertificação, mencionada por Pedro Sena, da Rede para Restauração da Caatinga (RECAA), e os incêndios no Pantanal, enumerados por Clóvis Vailant, do Pacto pela Restauração do Pantanal, reforçaram a mensagem de que as comunidades vulneráveis são as mais afetadas e, portanto, devem estar no centro da solução. 


Ana Paula Moreira Rovedder, da Rede Sul de Restauração Ecológica, conectou a pauta às recentes tragédias climáticas, defendendo a urgência de “popularizar o tema” e levar a educação ambiental para o cotidiano da sociedade.

Ao final do evento, Anabele Gomes afirmou que a participação das redes de coletores  na COP30 evidencia a necessidade do compromisso com a restauração ecológica diversa enraizada nos territórios, fortalecendo as pessoas que, com suas mãos e saberes, plantam o futuro do Cerrado e do Brasil. “A restauração é feita de gente, de coletores, cientistas, produtores e comunidades”, completou.  

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