Com o plantio de sementes nativas em uma área de 47,5 hectares de Reserva Legal (RL), distribuída entre lotes das famílias assentadas, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC), em parceria com a Semeia Cerrado, deu início, nesta quarta-feira (26) a uma nova etapa da restauração ecológica no Assentamento Chapadinha, Região Administrativa de Sobradinho. A iniciativa integra o projeto “Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia de restauração ecológica inclusiva nos corredores da biodiversidade“, apoiado pelo edital Floresta Viva do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao todo serão utilizados quase duas toneladas de sementes de 21 espécies nativas do Cerrado para recompor a vegetação local. O plantio será feito por meio da técnica de semeadura direta em linhas, com ações de enriquecimento e adensamento, buscando garantir maior diversidade de espécies e um desenvolvimento mais estruturado da vegetação do Cerrado.

As sementes são, em sua maioria, de espécies arbóreas e frutíferas como pequi, baru, jatobá e barbatimão, escolhidas por sua importância ecológica e pelo potencial de gerar renda no futuro. Supervisor de Restauração da RSC, João Carlos Pereira explica que, neste primeiro ano, o foco é a implantação dessas espécies nas linhas de plantio. “A partir do próximo ano, a previsão é de semear capins nativos e espécies do estrato herbáceo do Cerrado nas entrelinhas, ampliando a cobertura do solo, a proteção contra erosão e o fornecimento de alimento para a fauna”, acrescenta.

Fotos: Augusto Silva Coelho

Demais ações

O início do plantio é resultado de um processo planejado em etapas. Na última semana, no dia 19, a equipe técnica da RSC realizou uma visita ao local para avaliar as condições da área, verificar o resultado do preparo do solo  e alinhar os detalhes operacionais do plantio com as famílias assentadas. Antes disso, no mês de julho foi realizada a roçada mecanizada da pastagem exótica em toda a área destinada à Reserva Legal, uma ação fundamental para reduzir a competição das gramíneas invasoras com as espécies nativas que agora estão sendo introduzidas.

Conforme o Supervisor de Restauração, um dos principais desafios na restauração do Chapadinha é o controle dos capins exóticos invasores, que formam uma camada densa de biomassa e dificultam o estabelecimento das plantas nativas. “Como o assentamento adota práticas de produção orgânica, não é permitido o uso de herbicidas, o que exige um trabalho mais intensivo de capina e roçagem, tanto manual quanto mecanizada. Esse manejo contínuo será determinante para o sucesso da restauração, especialmente nos primeiros anos, quando as mudas e plântulas ainda são mais sensíveis à competição”, pontuou João Carlos Pereira.

Apesar dos desafios, o potencial da área é considerado bastante promissor, em que a restauração traz benefícios diretos para os agricultores e agricultoras assentadas, bem como para a comunidade como um todo, na adequação ambiental do assentamento, visto que será restaurada áreas de RL que possuem necessidade de regularização ambiental. Com apoio técnico-operacional da Rede de Sementes do Cerrado, as famílias do assentamento têm acesso a formação em técnicas de restauração ecológica, manejo de sementes nativas e práticas de regeneração da vegetação do Cerrado.